domingo, 29 de março de 2015

O VERDADEIRO SENTIDO DO JEJUM

De início, quero que fique bem claro uma coisa: Jejum, não pode ser mercadoria de barganha para com Deus. Isto é: “Olha, Senhor, estou jejuando para receber isso e isso de ti”. Você não pode, antes de jejuar, já ir mostrando uma lista de pedidos para Deus, como se Ele fosse obrigado a atendê-lo pelo sacrifício que você ainda nem começou. Jejum não é um protesto. Jejum não é uma greve de fome. Jejum não é um programa de manipulação de Deus para que Ele atenda todos os nossos desejos sem avaliar as vantagens e desvantagens do nosso pedido. O verdadeiro sentido do jejum está em caráter de submissão a tudo aquilo que Deus deseja realizar em nós, por meio de nós e à nossa volta. O verdadeiro jejum flui espontaneamente, tendo como principal objetivo um relacionamento de amor e confiança em Deus. É esse o jejum que abre possibilidades além do que possamos imaginar. Algumas vezes, não levo, de propósito, o carro ao lavador, e faço isso para o Samuel e o Eliab o lavarem. Eles, então, pegam a vasilha com sabão, colocam a mangueira na torneira e começam a lavar. Eles fazem isso com tanto carinho que, depois de terem lavado o carro, me sinto na obrigação de dar-lhes alguns trocados. Mesmo sem terem pedido. Mas se antes de lavarem, eles já viessem com uma lista de pedidos, dizendo: “Pai, nós vamos lavar o carro, mas o senhor deve nos dar tanto em dinheiro”. Provavelmente, eles não receberiam nada. Você compreende? Penso que assim é Deus. Não podemos nos aproximar dele apenas com o interesse de recebermos bênçãos, e sim para desfrutarmos da sua presença, porque o amamos. Você não pode mostrar uma lista de pedidos para Deus antes de fazer o jejum. “Senhor, estou iniciando este jejum para que tu me abras uma porta!” Jamais! Não pense que isso o fará apto para receber de Deus alguma coisa, pois isso é desvirtuar o propósito do jejum. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. (Sl 51:17) Quando jejuamos, o fazemos para obter mais comunhão com Deus. Jejuamos para a edificação da nossa fé. Para sacrificar a nossa velha natureza pecaminosa. E quando isso acontece, então podemos colocar diante de Deus as nossas necessidades, porque buscamos primeiro o reino de Deus, as demais coisas Ele acrescentará (Mt 6:33). Pastoreei uma igreja, que tinha algumas árvores entre o templo e a casa pastoral, e caiam muitas folhas ali. O Samuel e o Eliab, ainda eram garotos pequenos, todavia pegavam vassouras e varriam, com dificuldade, o pátio. Quando terminavam, vinham suados e sorrindo me pedir alguns trocados. Era difícil dizer não, porque primeiro fizeram o que nem esperava deles. Você entende? Temos de levar em consideração uma coisa: não entraremos no céu para recebermos uma nova casa. Entraremos no céu para recebermos uma casa que está sendo construída agora, através da nossa comunhão com Deus (II Co 5:1-2). Isto significa que cada circunstância da nossa vida tem uma razão. Deus está construindo a nossa casa espiritual, nosso lugar de habitação. O caráter espiritual não é feito no céu, e sim, aqui na terra. Billy Graham, em seu livro, Meditações Diárias, conta a história de um homem que perdeu seu emprego, a fortuna, a esposa e seu lar. Não obstante, ele manteve a fé, a única coisa que lhe restou. Um dia, ele parou para olhar alguns homens que trabalhavam com pedras numa grande igreja. Um deles estava entalhando uma pedra triangular. - O que você está fazendo com isso? – perguntou o homem. - Você está vendo aquela pequena abertura lá em cima perto do pináculo? Pois bem, estou talhando este pedaço aqui embaixo para que caiba lá em cima. – foi a resposta. As lágrimas encheram os olhos daquele homem enquanto ele ia embora, porque parecia que Deus havia falado através do trabalhador para explicar a razão da provação que passava: “Estou formando você aqui embaixo para que caiba lá em cima”. Aleluia! Ora, irmão! Não podemos permanecer para sempre neste tabernáculo terrestre, que é o nosso corpo, da forma que está. Ele é muito frágil e se deteriorará com o tempo e cairá, pois está continuamente sujeito a ser atingido por inúmeros percalços. O “eu” humano impede a santificação, o “eu” que é arrogância, orgulho e prepotência, em muitas vidas, é que está no trono. Enquanto o “eu” humano for mais forte que a humildade, está no trono e Cristo na cruz. Porém, o “eu” precisa ser crucificado, o “eu” deve ir para a cruz, para Cristo assumir o trono da nossa vida. É bem certo que o “eu” fará de tudo para não ceder e, muito menos, morrer. Ele lutará até o fim. Quando se pensa que está morto, de repente, ele aparece vivo e forte. Basta que apareça alguém que pise no seu pé. Que lhe aponte o dedo. Que discorde do seu ponto de vista e ofenda aquilo que mais ama. Então, ele aparece forte, impetuoso e mais vivo do que nunca, pronto para o confronto. Nestes momentos, o caminho para a decida do “eu” do trono é mais difícil ainda. Mas, ele precisa descer do trono da nossa vida e morrer. A morte do “eu” se dá no dia-a-dia. Quando calamos, ainda que tenhamos razão. Quando aceitamos a vontade de Deus sem questionar. Quando não nos curvamos ante os desejos da carne. O “eu” representa a carne e suas obras. O jejum é o enfraquecimento da carne, aliada mais forte do “eu”. Eu vos declaro que cada dia morro gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor. (I Co 15:31) Há uma grande luta da carne contra o espírito. O alimento do espírito é a comunhão com Deus. Quanto mais forte for a carne, mais as suas obras sufocarão a ação do espírito. O jejum sacrifica a carne, tirando-lhe a força, porém o espírito que não se alimenta de comida, mas das coisas de Deus, acha alimento no jejum. Porque, quanto mais fraca ficar a carne, mais forte se tornará o espírito, e é nesta hora de comunhão com Deus e fraqueza da carne, que devemos suplicar por ajuda e expor as nossas necessidades.

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